Wednesday, September 9, 2009

Deixar-se navegar

Eu faço, eu aconteço, eu resolvo. É complicado introduzir o espírito de equipe nas atividades do dia a dia da corporação. Um dos mais ferozes inimigos da comunicação – a auto-suficiência – age como força contrária, que parece puxar as pessoas na direção oposta, a do individualismo, desse às vezes irrefreável ímpeto de querer fazer tudo sozinho, de não querer aceitar influências, sugestões, opiniões de terceiros.

Se vivo fosse, Peter Druker com certeza daria aval à idéia de que cada vez mais o negócio de sucesso será aquele estabelecido pela soma das percepções de todas as pessoas que gravitam em torno dele. O contrário disso, ou seja, aquele negócio que é feito exclusivamente com a percepção do dono, parece condenado ao fracasso. Mesma teoria serve para a eficácia nas operações de uma empresa: o trabalho em equipe, a fusão de muitas percepções diferentes em torno de um mesmo assunto, traz a evolução; e o célebre “deixa que eu resolvo” ou o também muito conhecido “não meta o nariz onde não é chamado” produz retrocesso, falhas, entropias, prejuízos. A auto-suficiência quebra os elos da corrente da comunicação empresarial.

O segredo do sucesso no trabalho em equipe está na comunicação, que pressupõe troca, via de mão-dupla, trânsito de informações, percepções, conhecimento, experiência. Onde não há troca, não existe comunicação; onde não existe comunicação, não há progresso.

Para melhor compreender a face daninha da auto-suficiência devemos olhar para essa legião de pequenos empreendedores que fazem a roda da economia girar. Continua muito alto no Brasil o índice de letalidade da pequena empresa. Como causas históricas da morte prematura dos pequenos negócios estão dois fatores conjugados: dificuldades em lidar com finanças e falta de visão de marketing. Neste último fator, preponderante, estão embutidos os males da auto-suficiência. Marketing é também avaliar o desempenho do negócio junto ao público consumidor e ao mercado e fazer a correção de rumos e de falhas. Não há como fazer isso sem estar aberto a sugestões e levar em conta a percepção de clientes, parceiros, fornecedores, funcionários, colaboradores. Há momentos em que precisamos navegar e outros em que precisamos nos deixar levar pelas ondas ou pelas correntes marítimas e confiar em que estas – e apenas estas – é que nos levarão a um porto seguro.

Dirceu Pio é redator-chefe da revista Fórum de Líderes

[Via http://suserania.wordpress.com]

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